Para a Transferência de Tecnologias Agrárias:CRUZ VERMELHA ESTREITA RELAÇÕES COM O IIAM.
Na sua missão de assistência humanitária e apoio na restauração dos meios de vida das famílias, a Cruz Vermelha, através do seu Comité Internacional (CICV) está a intervir na área de agricultura e pescas na província de Cabo Delgado, em colaboração com o Centro Zonal Nordeste (CZNd) do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). A intervenção do Comité Internacional da Cruz Vermelha naquela província nortenha de Moçambique incide concretamente sobre os distritos de Muidumbe, Mueda, Nangade, Macomia e Mocímboa da Praia, onde opera na provisão de estacas de mandioca para a multiplicação e distribuição a 6.500 famílias, como meta para 2024. As referidas variedades de mandioca são produto da pesquisa do IIAM tendo sido libertadas ao mercado por esta instituição nacional.
O CICV, ao que se denotou da locução da Sra Janet Angele, Coordenadora de Segurança Económica, pauta, nas suas intervenções no campo, em seguir e respeitar as directrizes de participação comunitária com enquadramento nas Estratégias de Desenvolvimento nos distritos, respondendo às necessidades localmente identificadas numa base participativa. Assim para além da multiplicação de estacas de mandioca também providencia sementes de milho, feijão e gergelim bem como o estabelecimento de equipamentos de rega. De modo particular, em Mocímboa da Praia apoia 2.000 famílias na produção pesqueira, disponibilizando equipamento de pesca, em coordenação com os Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAEs).
Foi também na linha de melhor seguir as directrizes da investigação e transferência de tecnologias que a Coordenadora de Segurança Económica do CICV, Sra. Janet Angele, acompanhada pelo seu Oficial de Campo, Sr. Lúcio Raúl, reuniu-se com a Prof. Doutora Zélia Menete, Directora Geral do IIAM no gabinete desta, a 30 de Maio passado, numa missão com o propósito de: (i) partilhar as actividades em curso nos projectos do CICV em Cabo Delgado, (ii) assegurar que as suas intervenções estão alinhadas com as Políticas de Desenvolvimento e (iii) buscar apoio da Direcção Geral do IIAM no que for necessário para o sucesso dos projectos. Por seu turno, Zélia Menete, saudou a iniciativa do CICV pela aproximação à Sede do IIAM e pelas intervenções concretas que estão sendo desenvolvidas no uso de práticas de agricultura inteligente, respeito às necessidades locais e ao trabalho em curso de transferência de tecnologias. Depois de apresentar a estrutura do IIAM e a importância do respeito das regiões agro-ecológicas na agricultura, referiu ser crucial que haja uma selecção adequada de variedades e a necessidade de um calendário de rega respeitando as exigências das culturas nas suas fases de crescimento.
Outras recomendações da Prof. Doutora Zélia Menete incluíram: rotação de culturas e/ou consorciação na gestão de solos, incentivando o cultivo e uso de hortícolas dada a vantagem de serem de ciclo curto e rapidamente suprirem as necessidades alimentares em quantidade e diversificação, no campo ou em hortas caseiras. Para a Directora Geral do IIAM, a batata-doce de polpa alaranjada, com diversas variedades libertadas pelo IIAM tem a vantagem também de ser de ciclo mais curto que a mandioca e providência a Vitamina A e o Betacaroreno, importantes na redução de deficiências nutricionais e no control de anemia.
No que diz respeito às ligações inter-institucionais Zélia Menete referiu ser importante o trabalho com os SDAEs como responsáveis na multiplicação de estacas de mandioca, sobretudo nesta fase piloto, havendo que equacionar o efeito multiplicador no caso em que se identificam alguns produtores como responsáveis pela multiplicação com as vantagens que daí advêm, como por exemplo o encurtamento da distância para os produtores beneficiários. “O rigor na limpeza e nas práticas pós colheita revela-se desafiador sobretudo para as culturas de mandioca e batata-doce”, enfatizou a Directora Geral do IIAM, acrescendo que a instituição que lidera pode dar o seu contributo no agro-processamento de modo a diversificar o consumo e acrescentar valor à produção, uma assistência que pode ser feita a partir do Centro de Formação em Fruteiras (CFF), sito em Namialo na província de Nampula, adstrito ao Centro Zonal Nordeste (CZNd).
A educação nutricional bem assim a promoção do consumo das folhas de mandioca e de batata-doce, por sinal ricas em ferro, revela-se primordial contributo na redução dos níveis de desnutrição crónica. Neste contexto a interacção e colaboração com outros parceiros intervenientes localmente são desejáveis, como por exemplo a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC). Como acções de seguimento há espaço para o IIAM e o CICV assinarem um Memorando de Entendimento para melhor orientação, planificação e implementação conjunta de actividades em prol do desenvolvimento de uma pesquisa cada vez mais orientada à disponibilização dos resultados tecnológicos desta tendo em conta a sua demanda pelo sector produtivo agrário em Moçambique. (Albertina Alage/Texto, Roseiro Moreira/Edição, e Juvêncio dos Santos/Fotos).