Noticia
Gestão Transfronteiriça de Recursos Naturais na SADC:
COMUNICADORES MOÇAMBICANOS PRONTOS A DISSEMINAR INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO!
Por: Roseiro Mário Moreira
Nove (9) quadros moçambicanos, entre Jornalistas, Comunicadores de Ciência e Pontos Focais de Informação, Comunicação e Gestão de Conhecimento expressaram a sua prontidão para trabalhar lado a lado com a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) na divulgação de abordagens sustentáveis sobre a gestão transfronteiriça de recursos naturais na região austral africana. Convictos do seu valor e papel incontornável, enquanto distintos influenciadores e transformadores sociais, para o desenvolvimento económico, fizeram tais declarações como corolário de um treinamento de indução organizado pelo Centro de Coordenação de Investigação e Desenvolvimento Agrário para a África Austral (CCARDESA), um organismo subsidiário da SADC. O treinamento teve lugar de 8 a 9 de Agosto de 2024, sob a forma de “Retiro de Partilha de Saberes”, em Tchumene 2 – Matola, Província de Maputo.
Fazendo jus às línguas oficiais da SADC, a formação foi conduzida em Inglês e Português por um Consultor moçambicano, Assessor Técnico da SADC para as Áreas de Conservação Transfronteiriças, auxiliado por uma Oficial de Tecnologias de Informação da CCARDESA, tendo ambos se deslocado a Moçambique para cumprir esse desiderato, vindos de Gaberone – Botswana, país hospedeiro das respectivas sedes. As dissertações do Consultor foram prenhes de informações e evidências relevantes que permitiram compreender as matérias, passando os comunicadores a melhor articular abordagens de gestão de recursos naturais transfronteiriços, apoiando-se em quadros legais nacionais, regionais e internacionais existentes, porém quase não conhecidos porque pouco divulgados pelas entidades relevantes. A Oficial de Tecnologias de Informação do CCARDESA facilitou a redacção dos primeiros artigos, a partir de subtemas tirados da rica palestra do Consultor moçambicano radicado em Gaberone.
Com a formação de Tchumene, fica fortalecida uma equipa moçambicana para a disseminação de informação e conhecimento sobre a gestão transfronteiriça de recursos naturais na SADC. A equipa inclui, desta feita, os genuínos criadores de conteúdos noticiosos e líderes de opinião que efectivamente escrevem para diferentes agências de comunicação a que estejam associados e pelas quais se fizeram presentes: Revista IMPERDÍVEL, Jornal SAVANA, Jornal Moçambique, COMPCAC.EDITORA, SOICO, ÍDOLO, CANAL DE MOÇAMBIQUE, TORRE NEWS, e TVM – Maputo, esta última na cobertura televisiva.
A partir daquele treinamento, os Jornalistas e Comunicadores de Ciência destas agências passarão a escrever de forma mais empenhada e contínua, artigos sobre a gestão transfronteiriça de recursos naturais envolvendo Moçambique. Serão assim os articulistas nacionais que irão alimentar regularmente as plataformas de comunicação e informação do CCARDESA em línguas Inglesa e Portuguesa. Nessa perspectiva, sentem-se doravante melhor equipados com competências e conhecimentos necessários para reportar com precisão o que foi partilhado no Retiro. De símile maneira se sentem a altura de aumentar a sensibilização e compreensão do público sobre a gestão transfronteiriça dos recursos naturais, uma matéria deveras importante para as comunidades locais, quiçá a estas ainda negligenciada.
Belodêncio Nhabinde, da Revista ÍDOLO, afirma: “Estou muito satisfeito por ter tomado parte no treinamento da SADC sobre gestão transfronteiriça de recursos naturais. Verifico que em Moçambique há ainda um grande desafio na disseminação e promoção da protecção ambiental. Entretanto, como jornalista tenho pela frente a missão de partilhar com a sociedade o valor das áreas de conservação existentes em Moçambique e também na região da África Austral”.
No mesmo diapasão perfila Edmilson Lambo, da SOICO, salientando: “Agradecemos a iniciativa do CCARDESA, pois os jornalistas não são dotados de todos os conhecimentos específicos sobre diversas matérias que tenham que abordar. É importante termos estas formações para podermos falar com propriedade sobre os factos. Pudemos colher vários pontos de vista sobre áreas de conservação transfronteiriças da SADC, que representam uma abordagem inovadora e necessária para a preservação dos recursos naturais na região. Pudemos, igualmente, perceber que para que essas áreas cumpram plenamente o seu potencial, é fundamental enfrentar os desafios de cooperação política, financiamento e inclusão comunitária. Com esforço coordenado e visão de longo prazo, a SADC pode transformar as suas áreas de conservação transfronteiriças em modelos sustentáveis, que não apenas protejam a biodiversidade, mas também promovam o desenvolvimento sócio-económico”.
Por seu turno, a colaboradora da COMPCAC.EDITORA para a TORRE NEWS, Aina Puetua, colocou-se confiantemente à disposição para tornar o desafio aflorado pelo CCARDESA uma verdadeira história de sucesso que seja sentida ao nível comunitário: “Estou agora bem equipada para fazer a diferença e ajudar no desenvolvimento das áreas de conservação transfronteiriças, através da comunicação, até ao nível das comunidades locais”, posicionou-se a mais jovem membro da equipa de comunicadores pela gestão transfronteiriça de recursos naturais, ora formada.
E para melhor operacionalização dos compromissos dos comunicadores moçambicanos, os Pontos Focais de Informação, Comunicação e Gestão de Conhecimento do CCARDESA no Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Carlos Filimone e Américo Humulane, mostraram-se prontos a acolher, apreciar e encaminhar com o parecer que couber, as propostas de acções concretas que lhes forem canalizadas. O Eng. Carlos Filimone não tem dúvidas de que a equipa tem já cabeça, tronco e membros para prosseguir e refere com satisfação: “temos uma apreciação positiva sobre este treinamento, porque os jornalistas estão agora munidos de conceitos relacionados às áreas de conservação transfronteiriças da SADC, incluindo os problemas e desafios para a protecção e preservação da sua biodiversidade. Podemos afirmar que estão aptos para preparar informação e educar a comunidade moçambicana sobre essa matéria”.
Em consonância está o Eng. Américo Humulane assegurando que “a capacitação dos jornalistas e pontos focais de informação, comunicação e gestão de conhecimentos do CCARDESA no IIAM foi de peculiar importância, pois serviu para fortalecer as capacidades destes para abordar e disseminar informação sobre os desafios da protecção e conservação de ecossistemas envolvendo dois ou mais países”. Humulane olha para dentro do IIAM e vê também aquela instituição a sair em vantagem com o treinamento promovido pelo CCARDESA, dado que “de uma forma particular a capacitação serviu para reforçar a capacidade do IIAM para a disseminação de informação numa das suas áreas de pesquisa institucional que é a gestão de recursos naturais, o que vai contribuir no cumprimento da sua missão”.
No final de três noites e dois dias, em “Retiro de Partilha de Saberes”, vingou o compromisso dos comunicadores de fazer da sua escrita um instrumento para capacitar cada vez mais actores envolvidos nas áreas de conservação transfronteiriças com vista à adopção massiva de abordagens sustentáveis. Para o impulso de seguimento das acções e ligações institucionais, foi proposto o autor destas linhas, presente no treinamento pelas agências IMPERDÍVEL e COMPCAC.EDITORA. (Fotos: cortesia CCARDESA).
Noticia
OFAB avalia Resultados Intermédios e Fortalece a Capacidade de Comunicação e Advocacia dos seus Membros
Por: Sónia Nhantumbo, Albertina Alage e Alice Cambule
Participaram nesta avaliação e capacitação 9 países membros do Fórum Aberto para a Biotecnologia Agrária (OFAB) nomeadamente: Etiópia, Quénia, Malawi, Burkina Faso, Nigéria, Ghana, Tanzania, Rwanda e Moçambique. O evento teve lugar de 29 de Julho de 2024 a 02 de Agosto corrente na Etiópia, Addis Abeba e teve como objectivo avaliar os resultados intermédios do OFAB nos países membros, no período de 2019 até ao presente e fortalecer a capacidade dos participantes em matéria de advocacia, comunicação de ciência e elaboração de histórias de impacto, promovendo assim um ambiente favorável para a biotecnologia agrária em África. O momento serviu de oportunidade para também identificar acções prioritárias do Programa OFAB para os próximos 18 meses, discutir ideias para o desenho da próxima fase e apresentar o novo enfoque para o sub-programa de premiação de jornalistas (OFAB Media Awards) e das bolsas competitivas para os jornalistas já premiados nos anos transactos (Journalism Grants). Estiveram presentes em Addis Abeba, diversas entidades desde investigadores da área de biotecnologia, especialistas de áreas sociais e comunicação, provenientes de instituições públicas, Organizações não Governamentais e privadas de pesquisa e de ensino. O treinamento teve como conteúdos: técnicas de comunicação eficaz, estratégias de advocacia, e métodos para engajar diferentes públicos incluindo procedimentos sobre transmitir informações complexas de maneira acessível, desmistificando a biotecnologia agrária e destacando os seus benefícios para a sociedade. Uma das sessões de grande impacto sobre como narrar e partilhar, foi a capacitação sobre a elaboração de histórias de impacto, que têm o poder de conectar pessoas e transmitir ideias complexas de maneira simples e memorável, conforme frisou Hlamalani Ngwenya a Facilitadora principal do treinamento. Durante a abertura do evento, o Coordenador do projeto OFAB, Vitumbiko Chinoko, começou por dar boas vindas a todos os participantes vindos de diferentes países, destacando a importância da comunicação e advocacia no campo da biotecnologia, dado o seu potencial de transformar a agricultura, aumentando a produtividade da produção de forma sustentável. A avaliacão dos Resultados dos Projectos, depreendentes das apresentações feitas pelos participantes dos países destacou os avanços na pesquisa sobre a Biotecnologia moderna, sobretudo de culturas geneticamente modificadas, programas de educação para agricultores, iniciativas de sensibilização pública sobre os benefícios da biotecnologia, massificação da formação de jornalistas para melhor reportarem sobre a biotecnologia, maior disseminação das actividades de campo (ver para crer), partilha de informação com os tomadores de decisão por forma a que essas realizações reflitam o seu compromisso em promover uma agricultura mais sustentável e produtiva por meio da ciência e inovação. No final da capacitação, os participantes sublinharam e notavelmente foram visíveis os progressos, conforme atesta a avaliação final. Com as novas ferramentas adquiridas, para intensificar os seus esforços na promoção da biotecnologia agraria, poderão fortalecer a sua contribuição na comunicação e gestão de conhecimento sobre biotecnologia como uma das estratégias para a promoção do uso da biotecnologia em prol do desenvolvimento. O evento foi um marco importante para o OFAB, reforçando a rede de promotores da biotecnologia e fortalecendo as suas capacidades de comunicação. Com essa capacitação, o OFAB continua a fortalecer a capacitação institucional para a consolidação do processo de promoção da biotecnologia agrária, impulsionando o desenvolvimento agrícola e beneficiando comunidades em todo o mundo. De Moçambique participaram, Albertina Alage, coordenadora do projecto OFAB, Alice Cambule, oficial do projecto e Sónia Nhantumbo de comunicação e divulgação. (Revisão: Roseiro Moreira, Fotos: Cortesia OFAB).
Noticia
RELANÇAMENTO DA BATA-DOCE NA MOAMBA:
UMA APOSTA AGRÍCOLA COM MÚLTIPLAS VANTAGENS!
Por: Roseiro Mário Moreira
O Distrito da Moamba tem beneficiado de vários treinamentos promovidos pela Investigação Agrária, no âmbito da implementação de projectos de disseminação e transferência de tecnologias para a adopção de culturas que se adaptam às condições agro-ecológicas daquela parcela da Província de Maputo, a sul de Moçambique. Semana passada (29 a 30 de Agosto), produtores agrários das Associações locais congregadas nos Blocos 1 e 2, tiveram o privilégio de mais um treinamento que durou 2 dias. Era, desta feita, sobre práticas de cultivo de batata-doce quer para produção alimentar quer para a multiplicação da semente que irá garantir a continuidade dos ciclos de produção. O curso prático em campo levantou esperanças nos produtores relativamente ao relançamento da produção dessa raiz tuberosa, a batata-doce, naquele distrito, como uma aposta agrícola que oferece múltiplas vantagens.
Para o Eng. Milton Tovele, Investigador do IIAM afecto à Estação Agrária de Umbeluzi (EAU), que foi um dos formadores, a ideia é “difundir e promover as variedades de batata-doce de alto potencial e com alto valor nutritivo”. De polpa branca, laranja ou rocha, a batata-doce oferece múltiplas vantagens tanto para o consumo humano como para o consumo animal. Aproveitável como alimento, incluindo as suas folhas, tem estado a ter muita aceitação pese embora faltem recursos financeiros aos produtores para fazerem dela uma aposta que conste das suas culturas de bandeira, como têm outras sido apelidadas. As variedades mais recentes desenvolvidas e libertadas pelo IIAM em parceria com o Centro Internacional da Batata (CIP) são de alto rendimento, chegando a atingir 30 a 40 toneladas por hectare.
Entretanto, Milton Tovele é cauteloso quanto à selecção da variedade adequada pelos produtores, de entre as disponibilizadas pelo IIAM. No seu entender “a variedade em que apostar vai de acordo com aquilo que é o mercado, pois se vamos semear, queremos vender”. Outra das cautelas a que o investigador refere é a importância da disponibilidade de ramas para que o relançamento da cultura de bata-doce no distrito floresça. Por isso, aos produtores foi também exposta uma técnica de sementeira com o propósito de multiplicação de semente. “Deixando um espaço entre elas de 5 a 10 centímetros, semeiam-se as ramas cortadas na posição em que o nó é que vai para o solo”, como explicou o Eng. Milton, acrescentando que após o plantio é preciso fazer as regas de forma controlada: “no verão aqui rega-se duas vezes por dia, de manhã e à tarde”.
Lichamo Celestino, Extensionista de Moamba Sede, revelou-nos que “os produtores têm enfrentado muitos constrangimentos, entre eles: aquisição de semente, pesticidas, doenças, e irregularidades das chuvas”. Questionado sobre como é que o IIAM pode responder aos desafios que alistara, o Extensionista expressou-se nos seguintes termos: “Como o IIAM está a trabalhar mais para a investigação de novas culturas poderia apoiar nas variedades mais resistentes a condições climáticas. Estamos a falar por exemplo de calor e chuvas”. Mais concretamente, aquele Extensionista considera que “o IIAM poderá apoiar ao produtor na disponibilidade de semente dessas variedades”. Um pouco na ousadia de ampliação das oportunidades que o IIAM possa para fazer-se sentir mais ainda nas comunidades, Lichamo Celestino desafia: “Além disso, o IIAM poderá facilitar o processo de uma linha de crédito para o produtor poder conseguir alguma coisa para alavancar a sua agricultura”. E o Extensionista de Moamba Sede termina os seus conselhos ao IIAM sublinhando que esta instituição “pode também ajudar na difusão de novas formas de fazer agricultura”, pegando como evidência concreta: “Por exemplo aquilo que estamos a ver hoje neste treinamento sobre sementeira de ramas de batata-doce é uma mais-valia para os produtores”.
Conforme vaticinou o Extensionista, secundado por alguns produtores enquanto se lhes distribuíam as ramas de batata-doce para sementeira e multiplicação, a comunicação é mais uma vez aqui chamada para fazer chegar a mensagem e os produtos do IIAM aos beneficiários das suas acções de pesquisa, inovação e transferência de tecnologias. A comunicação é também chamada a fazer advocacia para que os produtores possam desenvolver o seu agronegócio seguindo a cadeia de valor até ao mercado, de onde possam obter algum retorno. Aliás, reconheceram os comunicadores presentes no campo onde foi realizado o treinamento, é sim importante que as instituições financeiras e de crédito também saibam que existe uma forte relação entre a investigação agrária e os produtores, sendo preciso levar os Bancos e outras instituições financiadoras à porta de quem realmente lida com a produção agrária em solo firme.
Lissa Mussá, uma outra produtora de Moamba enaltece a iniciativa de treinamentos daquela natureza prática em campo pois “é uma boa iniciativa e quando se vai a um treinamento a pessoa tem outra visão”. Por exemplo, “lá em casa não vamos comprar pão. Vamos tomar chá com batata-doce, e pouparemos algum dinheiro para outras despesas”, enfatizou. Adriano Enoque Matsinhe, encontra-se a praticar agricultura na Moamba desde 2020, depois de ter sofrido dos efeitos das inundações na zona de Magoanine, arredores da Cidade de Maputo. Corroborando com a ideia de que dos treinamentos se sai com outra visão, abriu-se à nossa equipa de comunicação revelando com firmeza: “Aprendi como semear batata-doce. Foi uma grande vantagem, porque nós semeávamos de qualquer maneira. Não sabíamos quais são os mecanismos que podemos usar para produzir a batata-doce”.
Com efeito, os Investigadores do IIAM, que orientaram o treinamento prático em campo, deixaram fortes e positivas impressões nos produtores com a forma didáctica como traduziram o seu conhecimento em mensagens que tocaram na sensibilidade dos produtores ao ponto de já afirmarem, tal como o Sr. Enoque, por eles indicado para o contacto com os comunicadores de ciência e jornalistas: “Esta maneira de semear é muito útil, muito válida. Passaremos a semear sempre desta maneira pois dá mesmo para entender que a produção será maior”. E é assim que o Relançamento da Bata-doce na Moamba já vai constituindo UMA APOSTA AGRÍCOLA COM MÚLTIPLAS VANTAGENS! (Fotos: Marcos Niuaia/IIAM).