Detecção precoce da Gripe Aviária apoia-se no Laboratório Central de Veterinária do IIAM

Published by gerson changula on

Moçambique já não depende exclusivamente de Laboratórios estrangeiros, como o da República da África do Sul, para o processamento de amostras conducentes à detecção da presença da Gripe Aviária, também conhecida por Influenza Aviária, uma doença que afecta as aves com destaque para o frango e que pode passar para os seres humanos assumindo contornos de letalidade nestes. Com efeito, o Laboratório Central de Veterinária na Direcção de Ciências Animais (DCA) do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) tem já sido uma referência de sucesso para a tomada de decisão da Direcção Nacional de Desenvolvimento Pecuário (DNDP) no tocante à declaração ou não de surtos de Gripe Aviária no país.

Falando nesta segunda-feira (12) perante quase uma centena e meia de participantes presenciais e virtuais a uma Palestra sobre Influenza Aviária, organizada pela DCA-IIAM tendo como palco físico o Anfiteatro da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) o Director Nacional de Desenvolvimento Pecuário, Dr. Américo da Conceição, repisou que o primeiro caso de Gripe Aviária em Moçambique registou-se em Outubro de 2023, tendo o caso sido confirmado laboratorialmente dentro do país, mais concretamente pelo Laboratório Central de Veterinária do IIAM. Ademais, revelou ainda o Director Nacional de Desenvolvimento Pecuário, um outro Laboratório Veterinário da Itália viria depois a reconfirmar as conclusões do Laboratório Central de Veterinária de Moçambique.

A tão concorrida palestra, porquanto centrada num tema sempre actual e de grande interesse abordou, entre outras temáticas, a visão sobre a Influenza Aviária e estirpes virais, transmissão e factores de risco, implicações na saúde humana e métodos de controle, diagnóstico laboratorial, importância da detecção precoce, procedimentos de resposta em caso de suspeita ou confirmação, mapeamento de zonas de risco, e aves migratórias ou selvagens como vectores do vírus para aves domésticas. Sob a moderação da Directora de Ciências Animais, Prof. Dra. Otília Tamele Tomo, foram oradores e painelistas: a Investigadora Auxiliar e Chefe do Laboratório Central de Veterinária na DCA-IIAM, Dra. Iolanda Monjane; o Dr. Zacarias Massicame pela DNDP do MADER; a Pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde (INS) e Chefe do Departamento de Prevenção, Controlo e Erradicação de doenças, Dra. Neusa Nguenha; e o Zoologo do Museu de História Natural, Dr. Carlos Bentos.

Enquanto o Director Nacional de Desenvolvimento Pecuário, que contextualizou a palestra, elucidou que a Influenza existe no mundo há mais de 100 anos, de acordo com os oradores, o primeiro caso de Gripe Aviária na região da SADC foi registado em 2017, enquanto os surtos mais recentes foram notificados na República da África do Sul (RSA) em Maio de 2023, tendo resultado na morte ou no abate de dezenas de milhares de aves de capoeira. Após a ocorrência e cumulativamente aos surtos anteriores no vizinho país a sul (RSA), “o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) suspendeu a importação de aves domésticas e selvagens vivas e produtos avícolas da RSA em Outubro de 2023, e reforçou adicionalmente as medidas de prevenção e vigilância em todo o território nacional”, esclarecem os documentos apresentados na palestra, revelando não ter sido uma experiência fácil lidar com a situação real em território nacional.

A palestra serviu como uma escola sobre a Gripe Aviária, pois “aprendemos muito e já podemos esclarecer aos nossos governos provinciais sobre esta matéria”, tal como se pronunciou a Directora Provincial de Agricultura de Maputo, uma das participantes presenciais, que acrescentou em forma de busca de apoio para maior divulgação das importantes mensagens que colheu do evento: “Não estamos a divulgar o assunto. Gostaríamos de ter um apoio para a actualização da informação” e também se revela uma cada vez maior “necessidade de envolvimento das províncias” nesta luta conjunta pelo controlo da Gripe Aviária que “veio para ficar e temos que encontrar formas de conviver com o problema” como várias vezes repetiu convincente o Director Nacional de Desenvolvimento Pecuário, AméricodaConceição.

Para a Directora Geral do IIAM, Prof. Doutora Zélia Menete, adiantando algumas acções de seguimento à palestra, é preciso que todos as partes interessadas e envolvidas na questão da Gripe Aviária estejam alinhadas, pois “sem colaborarmos do ponto de vista multidisciplinar nunca seguiremos em frente” e “não podemos continuar a ser apanhados despreparados”, rematou! Por outro lado vincou que urge capacitar e profissionalizar os recursos humanos para melhores operações laboratoriais bem como para reforçar a capacidade dos outros laboratórios regionais de tal sorte que se possa testar a Influenza Aviária em todas as províncias. Zélia Menete exorta a todos os cientistas e pesquisadores de larga experiência do IIAM, do INS, do Museu de História Natural, das Universidades e de outras instituições a traçarem estratégias para “interessar jovens a integrarem as equipas, para começarem a gostar de ciência quanto cedo”. Sendo os jovens a maioria percentual de moçambicanos “temos que usar esse dividendo demográfico”, trazendo ao público os contornos de “onde reside o sucesso para que os jovens se interessem pela avicultura, por exemplo”, asseverou indicando que todas as recomendações do evento constarão de uma matriz de acções de seguimento a ser partilhada com todos os participantes. (Roseiro Moreira com fotos de Juvêncio dos Santos e Gabriel Matsinhe/IIAM-DDIC)

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