Maior Divulgação de Pacotes Tecnológicos e Gestão Criteriosa de Riscos à Saúde Pública Precisam-se!
No início da sua segunda semana consecutiva, o Curso de Formação de Formadores em Avicultura, com enfoque nas medidas de higiene, protecção e segurança de alimentos na cadeia geral do frango, subiu o interesse dos participantes em ver este produto alimentar cada vez melhor tratado desde a sua produção até à mesa do consumidor, seguindo-se criteriosamente todos os cuidados e padrões recomendados ao nível nacional e internacional para a segurança de alimentos de origem avícola. Outrossim, a disseminação persistente dos pacotes tecnológicos e das normas vigentes de produção, processamento e comercialização de frango joga um papel incontornável para o sucesso do trinómio avicultura, bio-segurança e saúde pública no quadro das políticas de desenvolvimento sócio-económico do país. Estas constatações sobressaem dos intensos debates que caracterizaram as sessões destas segunda e terça (29 e 30 de Janeiro) entre pesquisadores em ciências animais, avicultores, processadores de carne, estudantes de tecnologia de alimentos, comunicadores de ciência e seus formadores do AERES Training Centre International (da Holanda) e da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Relativamente à disseminação persistente dos pacotes tecnológicos e das normas vigentes no que à cadeia do frango é atinente, o Investigador da Direcção de Ciências Animais, Amade Dauto Ibramugy, Mestrado em segurança de alimentos, fazendo triangulação com o que foi observado na visita de estudo realizada a um aviário na semana precedente, mostrou haver desafios no desenvolvimento daquela actividade “pelos cuidados de maneio que ela exige, sobretudo devido às condições financeiras e à falta de informações tecnológicas sobre esses aspectos para pequenos criadores”, argumentou em socorro dos avicultores. Acrescentou, porém, que “ver indivíduos engajados na produção avícola, como o Sr. Bakanda Cisse, na Katembe, é encorajador, pois está a contribuir para a alimentação humana, através do equilíbrio da disposição do frango no mercado fazendo com que o seu preço possa ser de alguma forma mais acessível à população”. Pese embora os desafios, reconhecidos pelo próprio avicultor “provavelmente por falta de pacotes tecnológicos e pessoal de apoio qualificado”, como constata o Dr. Amade Dauto Ibramugy, há que “encorajar a vários outros indivíduos a abraçarem esta actividade e investir em pacotes tecnológicos para garantir a obtenção de frangos de qualidade para o consumo humano, livres de quaisquer anomalias que possam perigar a saúde pública.”, rematou!
De referir que o frango, rico em proteína, ajuda na melhoria da nutrição da população, sendo dos produtos avícolas mais presentes na dieta alimentar dos moçambicanos, particularmente nos centros urbanos (cidades e vilas) onde abunda nas prateleiras de supermercados, mercearias e diferentes espaços de venda de produtos alimentares de todos os níveis. Entretanto, um redobrar da vigilância passo a passo para a salvaguarda da qualidade nutricional e da bio-segurança desse alimento mostra-se premente, porquanto o aumento quantitativo da produção aviária deve sempre ser acompanhado por essas garantias de gestão criteriosa dos seus potenciais riscos à saúde.
E para que a qualidade e a segurança nutricional do frango sejam garantidas, todos os intervenientes na sua cadeia de valor precisam de ter o conhecimento sobre as normas de bio-segurança recomendadas dentro do país bem como os cuidados que devem ser observados para a certificação dos operadores do ramo avícola quer na produção em aviários quer antes na produção de ração ou depois no processamento, empacotamento, transporte e na venda aos consumidores finais. Na experiência de países como a Holanda, Portugal, EUA a certificação para o exercício de qualquer ramo da actividade avícola para fins de alimentação humana é obrigatória e os avicultores devem também sempre ser assistidos por veterinários certificados sendo que o processo de gestão criteriosa de risco que inclui inspecções e análises laboratoriais de segurança de alimentos é dirigido em última instância por uma Autoridade Nacional Reguladora especializada em Tecnologias de Alimentos à qual compete, de forma célere, actuar para mitigar atempadamente os riscos em caso de sua detecção por um laboratório autorizado. Esta provavelmente seja uma lição a tirar do curso de formação de formadores avícolas, que decorre de 22 de Janeiro a 2 de Fevereiro na Direcção de Ciências Animais do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), e igualmente um caminho a ser seguido por países com alto potencial de produção avícola como o nosso. Espera-se, por isso, que do curso sejam produzidas recomendações nesse sentido a quem de direito, uma vez sendo atribuição do IIAM contribuir para a definição de políticas públicas agrárias e de outros sectores da Administração Pública nacional. (Roseiro Mário Moreira, com imagens de Juvêncio dos Santos)