OFAB avalia Resultados Intermédios e Fortalece a Capacidade de Comunicação e Advocacia dos seus Membros

Por: Sónia Nhantumbo, Albertina Alage e Alice Cambule

Participaram nesta avaliação e capacitação 9 países membros do Fórum Aberto para a Biotecnologia Agrária (OFAB) nomeadamente: Etiópia, Quénia, Malawi, Burkina Faso, Nigéria, Ghana, Tanzania, Rwanda e Moçambique. O evento teve lugar de 29 de Julho de 2024 a 02 de Agosto corrente na Etiópia, Addis Abeba e teve como objectivo avaliar os resultados intermédios do OFAB nos países membros, no período de 2019 até ao presente e fortalecer a capacidade dos participantes em matéria de advocacia, comunicação de ciência e elaboração de histórias de impacto, promovendo assim um ambiente favorável para a biotecnologia agrária em África. O momento serviu de oportunidade para também identificar acções prioritárias do Programa OFAB para os próximos 18 meses, discutir ideias para o desenho da próxima fase e apresentar o novo enfoque para o sub-programa de premiação de jornalistas (OFAB Media Awards) e das bolsas competitivas para os jornalistas já premiados nos anos transactos (Journalism Grants). Estiveram presentes em Addis Abeba, diversas entidades desde investigadores da área de biotecnologia, especialistas de áreas sociais e comunicação, provenientes de instituições públicas, Organizações não Governamentais e privadas de pesquisa e de ensino. O treinamento teve como conteúdos: técnicas de comunicação eficaz, estratégias de advocacia, e métodos para engajar diferentes públicos incluindo procedimentos sobre transmitir informações complexas de maneira acessível, desmistificando a biotecnologia agrária e destacando os seus benefícios para a sociedade. Uma das sessões de grande impacto sobre como narrar e partilhar, foi a capacitação sobre a elaboração de histórias de impacto, que têm o poder de conectar pessoas e transmitir ideias complexas de maneira simples e memorável, conforme frisou Hlamalani Ngwenya a Facilitadora principal do treinamento. Durante a abertura do evento, o Coordenador do projeto OFAB, Vitumbiko Chinoko, começou por dar boas vindas a todos os participantes vindos de diferentes países, destacando a importância da comunicação e advocacia no campo da biotecnologia, dado o seu potencial de transformar a agricultura, aumentando a produtividade da produção de forma sustentável. A avaliacão dos Resultados dos Projectos, depreendentes das apresentações feitas pelos participantes dos países destacou os avanços na pesquisa sobre a Biotecnologia moderna, sobretudo de culturas geneticamente modificadas, programas de educação para agricultores, iniciativas de sensibilização pública sobre os benefícios da biotecnologia, massificação da formação de jornalistas para melhor reportarem sobre a biotecnologia, maior disseminação das actividades de campo (ver para crer), partilha de informação com os tomadores de decisão por forma a que essas realizações reflitam o seu compromisso em promover uma agricultura mais sustentável e produtiva por meio da ciência e inovação. No final da capacitação, os participantes sublinharam e notavelmente foram visíveis os progressos, conforme atesta a avaliação final. Com as novas ferramentas adquiridas, para intensificar os seus esforços na promoção da biotecnologia agraria, poderão fortalecer a sua contribuição na comunicação e gestão de conhecimento sobre biotecnologia como uma das estratégias para a promoção do uso da biotecnologia em prol do desenvolvimento. O evento foi um marco importante para o OFAB, reforçando a rede de promotores da biotecnologia e fortalecendo as suas capacidades de comunicação. Com essa capacitação, o OFAB continua a fortalecer a capacitação institucional para a consolidação do processo de promoção da biotecnologia agrária, impulsionando o desenvolvimento agrícola e beneficiando comunidades em todo o mundo. De Moçambique participaram, Albertina Alage, coordenadora do projecto OFAB, Alice Cambule, oficial do projecto e Sónia Nhantumbo de comunicação e divulgação. (Revisão: Roseiro Moreira, Fotos: Cortesia OFAB).

RELANÇAMENTO DA BATA-DOCE NA MOAMBA:

UMA APOSTA AGRÍCOLA COM MÚLTIPLAS VANTAGENS!

Por: Roseiro Mário Moreira

O Distrito da Moamba tem beneficiado de vários treinamentos promovidos pela Investigação Agrária, no âmbito da implementação de projectos de disseminação e transferência de tecnologias para a adopção de culturas que se adaptam às condições agro-ecológicas daquela parcela da Província de Maputo, a sul de Moçambique. Semana passada (29 a 30 de Agosto), produtores agrários das Associações locais congregadas nos Blocos 1 e 2, tiveram o privilégio de mais um treinamento que durou 2 dias. Era, desta feita, sobre práticas de cultivo de batata-doce quer para produção alimentar quer para a multiplicação da semente que irá garantir a continuidade dos ciclos de produção. O curso prático em campo levantou esperanças nos produtores relativamente ao relançamento da produção dessa raiz tuberosa, a batata-doce, naquele distrito, como uma aposta agrícola que oferece múltiplas vantagens.

Para o Eng. Milton Tovele, Investigador do IIAM afecto à Estação Agrária de Umbeluzi (EAU), que foi um dos formadores, a ideia é “difundir e promover as variedades de batata-doce de alto potencial e com alto valor nutritivo”. De polpa branca, laranja ou rocha, a batata-doce oferece múltiplas vantagens tanto para o consumo humano como para o consumo animal. Aproveitável como alimento, incluindo as suas folhas, tem estado a ter muita aceitação pese embora faltem recursos financeiros aos produtores para fazerem dela uma aposta que conste das suas culturas de bandeira, como têm outras sido apelidadas. As variedades mais recentes desenvolvidas e libertadas pelo IIAM em parceria com o Centro Internacional da Batata (CIP) são de alto rendimento, chegando a atingir 30 a 40 toneladas por hectare.

Entretanto, Milton Tovele é cauteloso quanto à selecção da variedade adequada pelos produtores, de entre as disponibilizadas pelo IIAM. No seu entender “a variedade em que apostar vai de acordo com aquilo que é o mercado, pois se vamos semear, queremos vender”. Outra das cautelas a que o investigador refere é a importância da disponibilidade de ramas para que o relançamento da cultura de bata-doce no distrito floresça. Por isso, aos produtores foi também exposta uma técnica de sementeira com o propósito de multiplicação de semente. “Deixando um espaço entre elas de 5 a 10 centímetros, semeiam-se as ramas cortadas na posição em que o nó é que vai para o solo”, como explicou o Eng. Milton, acrescentando que após o plantio é preciso fazer as regas de forma controlada: “no verão aqui rega-se duas vezes por dia, de manhã e à tarde”.

Lichamo Celestino, Extensionista de Moamba Sede, revelou-nos que “os produtores têm enfrentado muitos constrangimentos, entre eles: aquisição de semente, pesticidas, doenças, e irregularidades das chuvas”. Questionado sobre como é que o IIAM pode responder aos desafios que alistara, o Extensionista expressou-se nos seguintes termos: “Como o IIAM está a trabalhar mais para a investigação de novas culturas poderia apoiar nas variedades mais resistentes a condições climáticas. Estamos a falar por exemplo de calor e chuvas”. Mais concretamente, aquele Extensionista considera que “o IIAM poderá apoiar ao produtor na disponibilidade de semente dessas variedades”. Um pouco na ousadia de ampliação das oportunidades que o IIAM possa para fazer-se sentir mais ainda nas comunidades, Lichamo Celestino desafia: “Além disso, o IIAM poderá facilitar o processo de uma linha de crédito para o produtor poder conseguir alguma coisa para alavancar a sua agricultura”. E o Extensionista de Moamba Sede termina os seus conselhos ao IIAM sublinhando que esta instituição “pode também ajudar na difusão de novas formas de fazer agricultura”, pegando como evidência concreta: “Por exemplo aquilo que estamos a ver hoje neste treinamento sobre sementeira de ramas de batata-doce é uma mais-valia para os produtores”.

Conforme vaticinou o Extensionista, secundado por alguns produtores enquanto se lhes distribuíam as ramas de batata-doce para sementeira e multiplicação, a comunicação é mais uma vez aqui chamada para fazer chegar a mensagem e os produtos do IIAM aos beneficiários das suas acções de pesquisa, inovação e transferência de tecnologias. A comunicação é também chamada a fazer advocacia para que os produtores possam desenvolver o seu agronegócio seguindo a cadeia de valor até ao mercado, de onde possam obter algum retorno. Aliás, reconheceram os comunicadores presentes no campo onde foi realizado o treinamento, é sim importante que as instituições financeiras e de crédito também saibam que existe uma forte relação entre a investigação agrária e os produtores, sendo preciso levar os Bancos e outras instituições financiadoras à porta de quem realmente lida com a produção agrária em solo firme.

Lissa Mussá, uma outra produtora de Moamba enaltece a iniciativa de treinamentos daquela natureza prática em campo pois “é uma boa iniciativa e quando se vai a um treinamento a pessoa tem outra visão”. Por exemplo, “lá em casa não vamos comprar pão. Vamos tomar chá com batata-doce, e pouparemos algum dinheiro para outras despesas”, enfatizou. Adriano Enoque Matsinhe, encontra-se a praticar agricultura na Moamba desde 2020, depois de ter sofrido dos efeitos das inundações na zona de Magoanine, arredores da Cidade de Maputo. Corroborando com a ideia de que dos treinamentos se sai com outra visão, abriu-se à nossa equipa de comunicação revelando com firmeza: “Aprendi como semear batata-doce. Foi uma grande vantagem, porque nós semeávamos de qualquer maneira. Não sabíamos quais são os mecanismos que podemos usar para produzir a batata-doce”.

Com efeito, os Investigadores do IIAM, que orientaram o treinamento prático em campo, deixaram fortes e positivas impressões nos produtores com a forma didáctica como traduziram o seu conhecimento em mensagens que tocaram na sensibilidade dos produtores ao ponto de já afirmarem, tal como o Sr. Enoque, por eles indicado para o contacto com os comunicadores de ciência e jornalistas: “Esta maneira de semear é muito útil, muito válida. Passaremos a semear sempre desta maneira pois dá mesmo para entender que a produção será maior”. E é assim que o Relançamento da Bata-doce na Moamba já vai constituindo UMA APOSTA AGRÍCOLA COM MÚLTIPLAS VANTAGENS! (Fotos: Marcos Niuaia/IIAM).