Em Homenagem à Sónia Maciel: Rememorados os Feitos da Pesquisadora, Cientista e Inovadora Educacional

Promovida pela Direcção Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), antecedendo uma importante palestra sobre a Gripe Aviária, a homenagem contou com a presença da família da enaltecida e do Antigo Reitor da Universidade Lúrio, o Prof. Dr. Francisco Noa, uma das pessoas que teve o raro privilégio de fazer parte do percurso da malograda Prof. Dra. Sónia Maciel, desde a sua época de estudantes do ensino secundário geral em 1979. Descrevendo-a como o culminar da “grandeza humana e profissional”, o Prof. Dr. Noa, num discurso expontâneo saído da alma de uma mente que perdeu uma ente pesquisadora, cientista e inovadora educacional, emocionou a plenária de cultores do saber quanto foi a malograda cientista outrora investigadora do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, abrindo sonhos de futuros académicos de trilhares pelos exemplos de zelo, brio e dedicação que caracterizaram a também humilde porém visionária personalidade da Prof. Dra. Sónia Maciel.

Reconhecendo publicamente o contributo da malograda cientista para o desenvolvimento da agricultura desde a sua juventude, conforme atesta o seu percurso académico e profissional, a Directora Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Prof. Dra. Zélia Menete, resumiu assim o sentimento institucional naquela singela sessão de elogio póstumo: “como IIAM, não ficaríamos indiferentes e não fazermos nada. Preparamos estes minutos que antecedem a nossa primeira palestra do ano, para enaltecermos a vida e obra de uma colega, uma companheira, uma destacada lutadora pelo desenvolvimento do país, de ciência em punho e vontade de partilha de conhecimentos sem igual”. Afinal, a Prof. Dra. Sónia Maciel era um acervo de conhecimento de que várias instituições se podiam socorrer para o seu prestígio e crescimento. Atesta-nos a Directora Geral do IIAM ao passar o elogio póstumo ao antigo Reitor da UniLúrio: “Mas como ela trabalhou também noutros lugares, buscamos individualidades que com ela trilharam pelas difíceis porém reconfortantes avenidas da aplicação e transmissão do saber. Por isso temos aqui o Prof. Dr. Francisco Noa que nos vai ajudar a saber mais e compreender melhor esta emblemática figura do conhecimento científico moçambino”.

A família da homenageada agradeceu o gesto do IIAM, através de uma intervenção da irmã da malograda, carregada de emoção e força de superação pela perda irreparável de uma figura que transcendeu o círculo familiar, passando a ser uma Professora Doutora Sónia Maciel de todos os Moçambicanos, vencendo as trevas através da pesquisa, ciência e inovação que tão bem soube ela transmitir ao longo da sua vida. (Roseiro Moreira, com fotos de Juvêncio dos Santos e Gabriel Matsinhe/IIAM-DDIC)

Investigadores do Programa de Arroz interagem com a DG IIAM

Provenientes do Centro Zonal Sul, pesquisadores do Programa de Arroz reuniram-se com a Directora Geral do IIAM na tarde de 6 de Fevereiro corrente para dar a conhecer os programas em curso no CZSul na cultura do arroz. Os investigadores do arroz fizeram menção às várias áreas de intervenção nesta cultura cerealífera, no âmbito do Programa de Produtividade Agrária da África Austral (APPSA), incluindo os programas de colaboração regional com os países que também têm estado a implementar o APPSA. E é neste intercâmbio de troca de experiências a nível regional que o CZSul irá receber o Instituto de Investigação Agronómica de Angola (IIAA) para uma visita de troca de experiência no corrente mês de Fevereiro.

Os técnicos tiveram a oportunidade de dar a conhecer o programa de introdução do cultivo da Cevada e disseminação em larga escala para os pequenos e médios produtores nos distritos de Boane, Namaacha e Chókwè. De salientar que a cultura da Cevada está tendo uma grande demanda pela indústria cervejeira em Moçambique. A título de exemplo, a gigante cervejeira Heiniken tem estado a colaborar com o CZSul em ensaios de adaptação da cultura de Cevada.

Por forma a garantir a sustentabilidade do Programa do Arroz, a Directora Geral ressaltou a necessidade de se ter um Programa Nacional do Arroz unificado e forte, com actividades concretas e envolvendo todos os intervenientes da Cadeia de Valor do Arroz por forma a garantir uma produção e produtividade eficiente e sustentável. (Suzie Aline/IIAM)

Parceria junta IIAM, FAR e UniSCED em prol do desenvolvimento da Investigação e da Ciência

No âmbito de parceria entre o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), FAR e Universidade Aberta ISCED (UniSCED), realizou-se no dia (02/02/2024), o primeiro encontro anual como o objectivo de partilhar conhecimentos nas áreas de formação de extensionistas, e planificação conjunta de cursos de curta duração.

O evento contou com a participação do Vice- Reitor da (UnISCED), acompanhado de seus quadros, e a Prof. Doutrora Zélia Menete, Directora- Geral do IIAM, acompanhada de seus Directores Técnicos, Delegados dos Centros Zonais (CZ) e investigadores. O encontro foi híbrido e contou com a participação de mais de 35 participantes.

A UnISCED destacou os cursos da Faculdade de Engenharia e Agricultura, como Agronegócio, desenvolvimento Agrário e Engenharia Informática. Têm os Centros de Recursos distribuídos em todo o país, onde desenvolvem as actividades de extensão.  

Esta universidade  implementa  projectos de fomento da piscicultura e outros como é o caso do STEM (…….) para Raparigas, com objectivo de incentivá-las pelo gosto nas áreas das ciências, engenharias, eletrônica e matemática.

Por seu turno a Directora-Geral do IIAM, disse que a instituição tem extensionistas altamente qualificados e experientes capazes de partilhar experiências vividas no campo agrário.  Referiu que doravante, o foco está centrado nos cursos de curta duração, destacando o curso de irrigação. E com a parceria ora, solidificada, poder-se-á planificar cursos que possam responder aos problemas tais como desnutrição crónica e de boas para resistência às mudanças climáticas.

Defendeu que há necessidade de se potenciar as áreas das ciências sociais, com vista a se fazer um estudo exaustivo das razões do alto índice de desnutrição crónica nas províncias com alto nível de produção. Por outro lado,  esclareceu a relevância da proposta da introdução do curso de nutrição comunitária, do ponto de vista preventivo.

O IIAM manifestou a disponibilidade de colaborar com a UnISCED, quer na área de ciência agronómica, quer na área de ciências animais, em prol do desenvolvimento do país.

No fim do encontro, foi acordado a designação de pontos focais com o intuito de estabelecer o ponto de ligação entre as duas instituições.

Investigação Oceanográfica e Agrária Buscam  Soluções Tecnológicas para o Desenvolvimento

Reunidas ao princípio de quinta-feira (1 de Fevereiro), as instituições moçambicanas de investigação oceanográfica e agrária, respectivamente, o Instituto Oceanográfico de Moçambique (InOM) e o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) marcaram passos decisivos para a materialização de uma parceria que as conduza de forma célere e incisiva a deixarem melhores e mais reconhecidas marcas da sua existência como organizações públicas de produção de conhecimentos e soluções tecnológicas para o desenvolvimento do país.

As duas Catedrais de investigação científica e transferência de tecnologias socorrem-se das suas atribuições e competências, que afinal se complementam ou precisam uma da outra em determinadas áreas ora identificadas no histórico encontro pela investigação agrário-oceanográfica desta segunda-feira. A título de exemplo de complementaridade ou sucedaneidade do InOM e do IIAM, o Director Geral da primeira referiu que “a grande viabilidade do peixe em cativeiro advém da ração e dos produtos agrários cuja cadeia de produção tem génese no IIAM”. Atendo-se à riqueza do peixe em proteina, sem discurar os feijões e o ovo, o Director Geral do InOM vincou que “nós temos que trazer as soluções de proteina animal para desafiarmos e revertermos maior parte dos problemas de desnutrição”.

Mas a ração para o peixe é caríssima tal como o é para o frango. Entretanto, consta de estudos e experiências que há uma série de produtos da agricultura considerados viáveis para a alimentação do peixe, embora isso possa levantar um conflito com as necessidades dos mesmos produtos para a alimentação humana. Ainda assim, “nós como institutos de Investigação temos liberdade de sonhar (…) e encontrar formas de resolver questões prementes como esta.”

Para os Directores Gerais  do InOM e do IIAM,  importa de hora em diante conjugar acções concretas que viabilizem a sua iniciativa, daí a razão do seu encontro madrugador no primeiro dia de Fevereiro, acompanhados por seus quadros de direcção ou relevância temática para o arranque que se pretende com a dinâmica e celeridade necessárias. O sucesso da iniciativa dos Directores Gerais do InOM, Prof. Doutor António Hoguane, e do IIAM, Prof. Doutora Zélia Menete, garante-se pelo seu potencial fixo de parceria acrescido de um capital humano com elevada experiência, boa parte do qual com nível de Mestrado em áreas nucleares de pesquisa, estando em seguimento a formação de uma outra fasquia de quadros para aprimorar a sua qualidade e aumentar a disponibilidade de Doutorados para melhor servirem a investigação oceanográfica e agrária no país. Aliás, segundo a Directora Geral do IIAM, é destes quadros das duas instituições que se espera que carreguem a iniciativa para os seus projectos de Mestrado e Doutoramento viabilizando-a e trazendo recursos para a sua implementação em ligação com as Universidades em que se encontrem a prosseguir a sua formação académica.

Fazendo maior jus à ideia de parcerias inter-institucionais como esta que doravante se materializa, num outro desenvolvimento do amigavelmente acalorado encontro, a Prof. Doutora Zélia Menete retomou um pronunciamento que a tem sido peculiar e tem revigorado a esperança dos quadros: ” para melhorar a vida dos investigadores temos que ser capazes de falar em rede, pois o investigador é sempre investigador em qualquer área que seja”. A unidade perante desafios é vista pela líder do IIAM como algo fundamental para o sucesso: “se nos unirmos, temos preocupações similares sobre as quais podemos juntos buscar soluções”, ajuntou Zélia Menete precedendo o fecho de uma produtiva reunião de trabalho com igualmente sábias palavras proferidas pelo seu homólogo do Instituto Oceanográfico de Moçambique: “fazer das duas instituições uma mesma, na qual os cientistas transcendem as barreiras institucionais”. (Roseiro Mário Moreira/IIAM-DDIC).

Maior Divulgação de Pacotes Tecnológicos e Gestão Criteriosa de Riscos à Saúde Pública Precisam-se!

No início da sua segunda semana consecutiva, o Curso de Formação de Formadores em Avicultura, com enfoque nas medidas de higiene, protecção e segurança de alimentos na cadeia geral do frango, subiu o interesse dos participantes em ver este produto alimentar cada vez melhor tratado desde a sua produção até à mesa do consumidor, seguindo-se criteriosamente todos os cuidados e padrões recomendados ao nível nacional e internacional para a segurança de alimentos de origem avícola. Outrossim, a disseminação persistente dos pacotes tecnológicos e das  normas vigentes de produção, processamento e comercialização de frango joga um papel incontornável para o sucesso do trinómio avicultura, bio-segurança e saúde pública no quadro das políticas de desenvolvimento sócio-económico do país. Estas constatações sobressaem dos intensos debates que caracterizaram as sessões destas segunda e terça (29 e 30 de Janeiro) entre pesquisadores em ciências animais, avicultores, processadores de carne, estudantes de tecnologia de alimentos, comunicadores de ciência e seus formadores do AERES Training Centre International (da Holanda) e da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Relativamente à disseminação persistente dos pacotes tecnológicos e das  normas vigentes no que à cadeia do frango é atinente, o Investigador da Direcção de Ciências Animais, Amade Dauto Ibramugy, Mestrado em segurança de alimentos, fazendo triangulação com o que foi observado na visita de estudo realizada a um aviário na semana precedente, mostrou haver desafios no desenvolvimento daquela actividade “pelos cuidados de maneio que ela exige, sobretudo devido às condições financeiras e à falta de informações tecnológicas sobre esses aspectos para pequenos criadores”, argumentou em socorro dos avicultores. Acrescentou, porém, que “ver indivíduos engajados na produção avícola, como o Sr. Bakanda Cisse, na  Katembe, é encorajador, pois está a contribuir para a alimentação humana, através do equilíbrio da disposição do frango no mercado fazendo com que o seu preço possa ser de alguma forma mais acessível à população”. Pese embora os desafios, reconhecidos pelo próprio avicultor “provavelmente por falta de pacotes tecnológicos e pessoal de apoio qualificado”, como constata o Dr. Amade Dauto Ibramugy, há que “encorajar a vários outros indivíduos a abraçarem esta actividade e investir em pacotes tecnológicos para garantir a obtenção de frangos de qualidade para o consumo humano, livres de quaisquer anomalias que possam perigar a saúde pública.”, rematou!

De referir que o frango, rico em proteína, ajuda na melhoria da nutrição da população, sendo dos produtos avícolas mais presentes na dieta alimentar dos moçambicanos,  particularmente nos centros urbanos (cidades e vilas) onde abunda nas prateleiras de supermercados,  mercearias e diferentes espaços de venda de produtos alimentares de todos os níveis. Entretanto, um redobrar da vigilância passo a passo para a salvaguarda da qualidade nutricional e da bio-segurança desse alimento mostra-se premente, porquanto o aumento quantitativo da produção aviária deve sempre ser acompanhado  por essas garantias de gestão criteriosa dos seus potenciais riscos à saúde.

E para que a qualidade e a segurança nutricional do frango sejam garantidas, todos os intervenientes na sua cadeia de valor precisam de ter o conhecimento sobre  as normas de bio-segurança recomendadas dentro do país bem como os cuidados que devem ser observados para a certificação dos operadores do ramo avícola quer na produção em aviários quer antes na produção de ração ou depois no processamento, empacotamento, transporte e na venda aos consumidores finais. Na experiência de países como a Holanda, Portugal, EUA a  certificação para o exercício de qualquer ramo da actividade avícola para fins de alimentação humana é obrigatória e os avicultores devem também sempre ser assistidos por veterinários certificados   sendo que o processo de gestão criteriosa de risco que inclui inspecções e análises laboratoriais de segurança de alimentos é dirigido em última instância por uma Autoridade Nacional Reguladora especializada em Tecnologias de Alimentos à qual compete, de forma célere, actuar para mitigar atempadamente os riscos em caso de sua detecção por um laboratório autorizado. Esta provavelmente seja uma lição a tirar do curso  de formação de formadores avícolas, que decorre de 22 de Janeiro a 2 de Fevereiro na Direcção de Ciências Animais do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), e igualmente um caminho a ser seguido por países com alto potencial de produção avícola como o nosso. Espera-se, por isso, que do curso sejam produzidas recomendações nesse sentido a quem de direito, uma vez sendo atribuição do IIAM contribuir para a definição de políticas públicas agrárias e de outros sectores da Administração Pública nacional. (Roseiro Mário Moreira, com imagens de Juvêncio dos Santos)

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