IIAM AVALIA PRESTAÇÃO E REFINA ESTRATÉGIAS ESTRUTURANTES! 

O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) realizou, nesta quinta-feira, 25 de Abril, a Reunião Ordinária do seu Conselho Técnico-Científico, como parte das reuniões periódicas dos seus órgãos estruturantes e de assessoria, visando melhor planificação e monitoria das suas actividades. O Conselho Técnico-Científico do IIAM (CTC-IIAM) é um órgão de assessoria ao Conselho de Direcção sobre matérias de carácter técnico-científico no âmbito das atribuições da instituição. Ao Conselho Técnico-Científico do IIAM cabem, entre outras, as competências de: a) pronunciar-se sobre os aspectos técnicos e científicos dos programas de investigação; b) recomendar as prioridades de formação e capacitação dos funcionários; c) apreciar os relatórios de actividades dos programas de investigação agrária para apresentação às entidades competentes; bem assim d) avaliar os resultados alcançados e os projectos no desenvolvimento económico e social.

A reunião do CTC-IIAM 2024 decorreu na Sede da instituição, em Maputo, com o objectivo geral de partilhar os novos documentos estratégicos e estatutários que aguardam aprovação do Conselho Consultivo do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), que tutela o IIAM. Entre os referidos documentos destacam-se o Plano Estratégico do IIAM 2024-2034 e o Estatuto Orgânico do IIAM que avançam profundas mudanças estruturantes para adequar a instituição às mudanças operadas no ambiente organizacional do sector agrário ao longo dos últimos 10 anos.

O evento serviu igualmente para passar em revista as principais realizações do IIAM 2023/24 e a matriz de seguimento da última Reunião de Sementes. Uma das questões importantes sobre as sementes é que o IIAM projecta trabalhar com as empresas de sementes com base em contratos que se traduzam em ganhos mutuamente vantajosos a partir da semente libertada pela instituição.

Foram ainda partilhados os pontos de situação sobre os projectos TELA e OFAB relativos à testagem e advocacia sobre biotecnologia moderna com ênfase nos Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Neste ponto, o Conselho Técnico-Científico do IIAM foi unânime, incluindo os membros convidados de outras instituições estatutariamente previstas, em afirmar já ter chegado a altura para o país usufruir dos resultados da testagem de milho geneticamente modificado, que perdura há pouco mais de 15 anos. Argumentaram os intervenientes ao debate sobre a matéria, que o consumo consciente ou não de produtos alimentares importados, contendo organismos geneticamente modificados, é uma realidade presente em Moçambique, pelo que seria muito mais prático ultrapassar os entraves burocráticos e avançar-se à libertação ao ambiente e comercialização do produto testado por cientistas agrários do país.

A reunião que decorreu das 9:00 às 13h00, de forma híbrida, foi orientada pela Directora Geral do IIAM, Professora Doutora Zélia Menete, na sua qualidade de Presidente do Conselho Técnico Científico. Revigorando sinergias, o momento serviu para enfatizar a necessidade de formação de mais quadros até ao nível de Doutoramento, tendo porém o cuidado de se fazer uma selecção criteriosa das universidades para onde serão enviados os doutorandos, e de se implantar um programa de mentoria para a sua melhor inserção nas actividades relevantes da instituição.

A esse propósito, a Directora Geral do IIAM e Presidente do respectivo Conselho Técnico-Científico repisaria que se deverá olhar para a componente de género potenciando a questão do desenvolvimento de uma massa crítica de mulheres cientistas na investigação agrária. Para a líder de investigação agrária pública, um programa de mentoria quer dizer também que as mulheres cientistas deverão abraçar certas acções e posições para se tornarem referências que possam influenciar mais mulheres, a se interessarem por áreas diversas das ciências, particularmente as da investigação agrária. (Roseiro Moreira, com fotos de Juvêncio dos Santos/IIAM).

LIMPOPO BENEFICIA DE MAIS DE UMA TONELADA DE RAMA DE BATATA-DOCE DE CICLO CURTO! 

Perfazendo 50 beneficiários, 40 produtores e 10 extensionistas do distrito de Limpopo, província de Gaza, receberam um total de 1 tonelada e 100 quilogramas de rama de batata-doce de polpa alaranjada e roxa cujo ciclo produtivo reduz significativamente para metade, passando de 8 para 3 a 5 meses. O acto marca o corolário de diversas acções de pesquisa e transferência de tecnologias levadas a cabo pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). Com efeito, acrescendo-se à meia tonelada que já tinha sido entregue anteriormente foi no âmbito de um treinamento em Boas Práticas de Produção de Batata-doce, havido a 12 de Abril, que os referidos produtores e extensionistas receberam mais 600 quilogramas de rama de batata-doce. O projecto de implementação das actividades de transferência de tecnologia e disseminação das variedades melhoradas de batata-doce é coordenado no IIAM, pelo Eng. António Taula, Investigador Assistente e Chefe do Programa de Batata-doce.

O Chefe do Posto Administrativo de Chissano, Jossefa Macamo, representou o Administrador Distrital no evento, concretamente realizado na localidade  de Chichotane, envolvendo produtores provenientes de associações e produtores independentes ao nível do distrito de Limpopo. Jossefa Macamo considerou de oportuna e importante a iniciativa do IIAM levar o conhecimento agrário e as respectivas tecnologias palpáveis aos produtores de todo o distrito de Limpopo. Dirigindo-se aos beneficiários, exortou-os a serem um exemplo de sucesso na adopção e multiplicação local das variedades de batata-doce de polpa alaranjada e roxa.

Na ocasião em campo firme, os facilitadores  do IIAM, designadamente Eng. Carlos Filimone, Eng. Milton Tovele, Dra. Stella Nhanala e Germano Manuel (Técnico de campo) demostraram como se faz a preparação do solo e o plantio da rama de batata-doce, tendo deixado recomendações específicas sobre o maneio da cultura visando a obtenção dos seus potenciais rendimentos. Para efeitos de multiplicação rápida, e posterior distribuição aos produtores associados, cada associação recebeu 100 kg de rama. Por seu turno, os produtores independentes, ali presentes, receberam 7,5 kg de rama sob a igual recomendação de fazerem uma multiplicação rápida para que se responda à demanda localmente. Com a semente básica de batata-doce de que os produtores se beneficiaram, espera-se cobrir uma área total de 3 ha (três hectares) de campo de multiplicação no distrito de Limpopo, tornando-o num dos polos de desenvolvimento das variedades daquela raíz tuberosa alimentar na província de Gaza, onde se espera que o projecto cubra ainda os distritos de Chibuto e Guijá.

A promoção do cultivo das variedades melhoradas de batata-doce de polpa alaranjada e roxa, desenvolvidas pelo IIAM, tem estado no centro das atenções do Programa Nacional da Batata, que em parceria com o CIP, já desenvolveu e libertou variedades de batata-doce, tolerantes às adversidades climáticas, com menor tempo de maturação da cultura e altamente produtivas. Bastante nutritivas, as variedades de polpa alaranjada (Ken) são ricas em betacaroteno (vitamina A) enquanto as de polpa roxa (Olga) o são em antioxidantes. São essas variedades que vão sendo disponibilizadas aos produtores como forma de promover as boas práticas de multiplicação e conservação da rama de batata-doce ao nível local. Espera-se, com todo esse processo, garantir a sustentabilidade e massificar o consumo de variedades de batata-doce com valor nutritivo acrescido. Recorde-se que o IIAM em parceria com o CIP libertou até ao presente 27 variedades de batata-doce de polpa alaranjada e roxa, tendo saído as primeiras 15 variedades de polpa alaranjada em 2011, seguidas de 7 variedades de polpa alaranjada e roxa em 2016 e 5 variedades de polpa alaranjada e roxa em 2020.

No tocante à aceitação e adopção da cultura de batata-doce no distrito do Limpopo, é reveladora de facilidade de inserção uma afirmação dos produtores e extensionistas daquele ponto do país, segundo a qual “uma das culturas com maior aceitação quer para produção assim como para consumo é a batata-doce”. As variedades libertadas pelo IIAM, mais concretamente as distribuídas  no âmbito do treinamento realizado no  distrito de Limpopo, tendo um ciclo curto que varia de 3 a 5 meses respondem à grande limitação do acesso à variedades melhoradas que não lhes levem muito tempo até à colheita superando as variedades locais, cujo período de desenvolvimento desde o plantio até à colheita dura até 8 meses, e com baixo rendimento.

A formação de produtores e extensionistas sedimentada com a disponibilização de 1 tonelada e 100 quilogramas de ramas de batata-doce no distrito de Limpopo enquadra-se na implementação do Projecto de Tecnologias para a Transformação Agrícola Africana Fase II (TAAT II) que conta com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) através do Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA). Para além do distrito de Limpopo, que acolheu o arranque das actividades de transferência de tecnologia e disseminação das variedades melhoradas de batata-doce libertadas pelo IIAM, estas irão ainda abranger os distritos de Guijá e Chibuto (na província de Gaza), fechando com Moamba, Magude, Marracuene, e Matutuine (na província de Maputo). A cobertura prevista de beneficiários é de 7600 produtores e extensionistas nas duas províncias-alvo desta fase. (Roseiro Moreira e António Taula, com fotos de Gabriel Matsinhe/IIAM).

PROJECTO TELA DIVULGA BIOTECNOLOGIA AGRÁRIA E RESULTADOS DE PESQUISA EM LICHINGA

Teve lugar nos dias 11 e 12 de Abril corrente, em Lichinga, na província de Niassa, o  Seminário de divulgação de resultados da testagem de milho geneticamente modificado (Milho TELA), realizada pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM).  O objectivo do seminário foi de apresentar a plataforma OFAB (Fórum Aberto para a Biotecnologia Agrária) e o projecto TELA implementados pelo IIAM em parceria com a Fundação Africana para as Tecnologias Agrárias (AATF).

O seminário, contou com 35 participantes provenientes de diversas instituições, desde  governamentais,  de ensino, ONGs, representação da Embaixada da Irlanda, empresas, para além de extensionistas, produtores, líderes comunitários e jornalistas. Ao proceder à abertura do evento, a Directora Provincial de Actividades Económicas em Niassa, Eng. Sónia Miquidade, saudou a iniciativa de partilha de resultados de testagem do milho geneticamente modificado e divulgação do Fórum OFAB como sendo deveras importante no desenvolvimento da Agricultura. A dirigente do sector na província de Niassa, encorajou os participantes à sua maior participação juntando sinergias de todos atores em prol da biotecnologia agrária em Moçambique.

O primeiro dia foi caracterizado por uma sessão plenária, na qual os pesquisadores palestrantes deram a conhecer os avanços e os resultados das testagens que estão em curso desde 2018. O segundo dia foi marcado pela visita de campo na perspectiva de “ver para crer”.  O evento foi liderado pelo Dr. Pedro Fato, Coordenador do Projecto TELA, que apresentou os ensaios e as diferenças entre o milho contendo os genes contra stress hídrico e pragas. O orador realçou ainda que para o caso do stress hídrico, uma vez que a região de Lichinga não tem tido problemas de chuvas, não houve muito por ver. Entretanto, quando se avaliou a pressão das pragas, foi notória a diferença de performances de milho geneticamente modificado (Milho GMO) em termos de rendimento, comparado às variedades não modificadas, principalmente em condições em que não houve aplicação de pesticidas.

A Dra. Albertina Alage, Directora Técnica da DFDTT (Direcção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias) referiu-se à missão do IIAM, de gerar tecnologias para o aumento da produção e produtividade, face aos desafios das mudanças climáticas que somos impostos entre outros, e adiantou como contrapartida o trabalho do IIAM para trazer tecnologias adequadas. Argumentou ainda Albertina Alage que  se tem no projecto TELA uma opção tecnológica a abraçar.

Por seu turno, a Directora Geral do IIAM, Professora Doutora Zélia Menete, no acto de encerramento do evento, enfatizou a necessidade de libertação ao ambiente do milho geneticamente modificado, o mais breve, “o que é uma vantagem por ser um produto nosso,  para não corrermos o risco de estarmos somente a absorver o que vem aos mercados e nos é imposto vindo de outros países”. A Directora Geral do IIAM apontou o facto de esta ser uma ferramenta que vem ajudar, e muito, a responder a problemas reais de segurança alimentar no nosso pais e exortou à participação de todos intervenientes da cadeia de valor produtiva a fazerem a sua parte. (Suzana Fernandes e Roseiro Moreira/IIAM).

JORNALISTAS DE NIASSA FORMADOS SOBRE DIVULGAÇÃO DE TECNOLOGIAS AGRÁRIAS

Teve início hoje, 10 de Abril de 2024, na Cidade de Lichinga, Província de Niassa, mais uma formação de jornalistas em matéria de divulgação de tecnologias agrárias no âmbito dos projectos TELA e OFAB, implementados pelo IIAM em parceria com a Fundação Africana para as Tecnologias Agrárias (AATF). A formação, conta com 22 participantes de 7 órgãos de informação baseados naquele ponto do país. O objectivo da formação é dotar os participantes de ferramentas para fortalecer as suas capacidades e habilidades de escrita de artigos de disseminação de tecnologias e conhecimentos científicos por  forma a impulsionar a biotecnologia agrária.

Na sessão de  abertura, o Dr. Amade Muitia, Delegado do Centro Zonal Norowest (CZNw) recomendou aos participantes o seu maior envolvimento de modo a tirarem o máximo proveito das matérias a serem tratadas. Por sua vez a Dra. Albertina Alage, Directora Técnica da DFDTT (Direcção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias) refetiu que depois da formação os participantes devem imprimir maior dinâmica na escrita e divulgação de matérias ligadas a biotecnologia agrária. 

Para além de sessões plenárias, os participantes fizeram uma visita ao campo de ensaio de milho geneticamente modificado, estabelecido no âmbito do projecto TELA. (Roseiro Moreira, Mauro Venâncio, Filipe Agostinho, Tomé Macala e Cassano Ismael).

INSPECTORAS DE MATADOUROS ENALTECEM FORMAÇÃO DO IIAM SOBRE BIOSSEGURANÇA NA CADEIA DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Decorre de 9 a 12 de Abril corrente, na Cidade e Província de Maputo, a terceira e última fase do Curso de Formação de Formadores em Avicultura, organizado pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), através da sua Direcção de Ciências Animais (DCA) em parceria com o AERES Training Centre International, da Holanda. Esta fase é essencialmente prática, colocando os participantes já como formadores num contexto real, perante grupos-alvo por si pre-seleccionados nas fases anteriores, decorridas em Janeiro e Março.

Formadores do AERES Training Centre International estão mais uma vez em Moçambique, para acompanhar e avaliar o desempenho dos seus formandos já prestes a concluir o curso, após um período intermédio de sessões virtuais on line no mês transacto. A Dra. Diane Cumbula, Coordenadora do Projecto “Formando o Formador: Melhorando a Indústria Avícola em Moçambique”,  na DCA, declarou que “durante 4 dias, os participantes da primeira e segunda fases deverão partilhar os conhecimentos adquiridos com outros intervenientes e interessados na cadeia de produção de frangos, entretanto seus formandos, cumprindo-se assim os objectivos de formar formadores na área de avicultura nas suas diferentes vertentes.”

Sob o tema “Biossegurança na Criação de Pintos (Frangos de Corte)”, e com o objetivo de “prevenir ou diminuir a probabilidade de introdução e de disseminação de agentes infeciosos, eliminando ou minimizando riscos de saúde dos animais e do homem”, Elias Machiana, Érica Mendes, Chantel Nguenha e Matilde Onuana, abriram o activo do cíclo de sessões de formação desta última fase. O seu grupo-alvo directo ou os seus formandos foram 9 funcionários da FAVOS DE MOÇAMBIQUE e a sessão de formação teve lugar numa das unidades desta empresa privada de produção industrial de frango, situada no extremo sul do distrito de Marracuene, Região Metropolitana do Grande Maputo. As sessões compreenderam uma parte teórica em plenária e outra prática num Pavilhão com capacidade para acomodar o  desenvolvimento de 2.000 pintos por lote. Parte do “conjunto de medidas e procedimentos para a prevenção, controle e segurança aplicadas nas explorações avícolas” ou seja biossegurança, segundo o que foi transmitido aos formandos da FAVOS DE MOÇAMBIQUE, foi possível identificar e abordar na prática no pavilhão visitado.

Um outro grupo de formandos, praticamente em exames finais com as suas próprias sessões de formação escolheu como grupo-alvo 6 funcionários do ramo de limpeza e higienização da empresa HIGEST, situada na zona da Machava, Município da Cidade da Matola. Trata-se de Cláudia Couana, Creva Chipande, e Tessa Caetano que abordaram o tema “Higienização de Matadouros”, afirmando que “por forma a garantir a segurança dos alimentos, as boas práticas de higiene das instalações, equipamentos e utensílios, devem ser devidamente contempladas por um programa de higienização.” Tal como no curso dos seus pares em Marracuene, a sessão teórica foi complementada por uma sessão prática durante a qual dificuldades operacionais e materiais foram partilhadas enquanto dúvidas iam sendo ultrapassadas e receios supridos pela auto-confiança transmitida pelos formadores e avaliadores.

Nota importante tem sido a participação de Inspectores de Matadouros do Ministério da Agricultura, afectos às Direcções Nacional, Provincial e Distrital. Por exemplo, na sessão de formação em Marracuene, esteve como convidada a Inspectora dos Serviços Distritais de Actividades Económicas daquele distrito, Renalda Salatiel, para quem “Foi uma honra poder participar da formação em matéria de biossegurança das instalações, na FAVOS DE MOÇAMBIQUE, visto que é um tema de extrema importância na cadeia de produção avícola”. Para aquela Inspectora o conhecimento da biossegurança “é uma mais valia para nós, pois permite a  produção  de um frango saudável, garantindo desse modo um produto de qualidade”. É assim que Renalda Salatiel congratula a iniciativa do IIAM e espera que haja  mais formações  com temas de grande  impacto na produção e no processamento de frango de corte.

Por seu turno, Cláudia Maria Couane, que participa no curso desde o seu início em Janeiro, e é Inspectora  de Matadouros na Direção Província de Agricultura (DPA) de Maputo, mostrou-se grata ao IIAM, focando-se na importância do curso: “Em primeiro lugar agradecer pela oportunidade de fazer parte desta formação. São estas formações de que precisamos para que possamos desenvolver na linha avícola. A avicultura tem vindo a crescer a cada ano e é muito importante que o país tenha um grupo com alta qualidade de formação para poder formar aos outros e sermos capazes de responder àquilo que são as reais necessidades de Moçambique, no sub-sector avícola.”

Classificando a formação como sendo de certa forma abrangente à toda cadeia da avicultura no que concerne aos conteúdos transmitidos, a Inspectora da DPA Maputo, Cláudia Couane apresenta-se confiante que os resultados do curso terão maior impacto se mais províncias e distritos forem contemplados pelos planos de formação do IIAM e do AERES Training Center Internacional. Nas suas próprias palavras: “a réplica desta formação é de extrema importância, principalmente para aquelas províncias que têm matadouros industriais com alta demanda”. Fundantando essa tese, Cláudia Couane sublinha que “ficaremos mais e melhor municiados para auxiliarmos a linha avícola (os criadores) a conhecerem as boas práticas de maneio, assim como aos processadores a garantirem um produto de qualidade, incluindo a conservação do produto, e também aos clientes e consumidores a estarem seguros de receber um produto livre de contaminações e de qualidade confiável.” Esta Inspectora vai mais longe antecipando que: “é possível Moçambique estar ao nível de exportar o seu frango assim como aumentar a validade do produto por este reunir todos os padrões aceitáveis.”

Com efeito a observância das normas de biossegurança na criação de aves é muito importante para garantir um produto livre de contaminações, o que por sua vez garante a saúde pública. Os Inspectores são a autoridade competente indicada pelos Serviços de Veterinária para zelar por esta componente, pelo que o seu conhecimento sobre a biossegurança é de extrema importância. Com noção desse pormenor, o IIAM reserva para esta quinta-feira uma abordagem especial sobre esta matéria tendo como grupo-alvo os Inspectores de Matadouros, como revelou a Coordenadora do Projecto, Diane Cumbula.

Mas estes cursos deverão ser contínuos e cada vez mais direccionados a públicos de todas as províncias e distritos. E mais, deverão ser complementados por mensagens de comunicação “por meio de palestras, debates nas rádios, televisões, e até em locais específicos durante feiras e eventos de entretenimento”, como acredita Cláudia Maria Couane, Inspectora da Direcção Provincial da Agricultura, agora também formada no âmbito do Projecto “Formando o Formador: Melhorando a Indústria Avícola em Moçambique” que esta sexta-feira termina. (Roseiro Moreira/IIAM)

IIAM BUSCA ESTRATÉGIAS DE COMBATE DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

“Resistência Antimicrobiana (RAM) pode ser entendida como a capacidade que os microrganismos têm de se alterarem quando expostos a antimicrobianos tornando-os inecfetivos. Trata-se de um fenómeno natural, entretanto o processo pode ser acelerado pelo uso inadequado de antimicrobianos em humanos, animais e plantas. Em Moçambique a epidemiologia, a virulência e os padrões de resistência das infecções bacterianas em animais continuam desconhecidos na maior parte do país”. Estas afirmações emanam de uma palestra realizada na terça-feira (2 de Abril), subordinada ao tema “Estratégias de Detecção e Combate da Resistência Antimicrobiana”. O evento decorreu de forma híbrida, com a audiência presencial tendo como palco a Sala Zambeze, na Sede do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Cidade de Maputo. Consciencializar os intervenientes na cadeia de produção animal e o público em geral sobre a Resistência Antimicrobiana e o seu impacto na saúde pública foi o objectivo da palestra, organizada pela Direcção de Ciências Animais (DCA), uma Unidade Orgânica Central do IIAM.

Na sessão de abertura, a Doutora Otília Tamele Tomo, Directora Técnica de Direcção de Ciências Animais, em substituição da Directora Geral do IIAM sublinhou que se pretende unir esforços face à conjuntura sócio-económica do país e à importância agrária, uma vez que “somos parte fundamental desta missão honrosa cujos resultados o povo muito espera de todos nós”.  Para a Directora Técnica de Ciências  Animais, a Resistência Antimicrobiana (RAM) constitui um grande problema de saúde pública e um dos maiores perigos para o meio ambiente. Por isso que é importante conhecer a Resistência Antimicrobiana (RAM) para que melhor se possa combatê-la. É igualmente importante adoptar uma abordagem de intervenção multissectorial englobando vários intervenientes na saúde humana, entre eles o público em geral.

Na sua contextualização, o Doutor Zacarias Massicame, da Direcção Nacional de Desenvolvimento Pecuário, corrobora que a Resistência Antimicrobiana constitui um grande problema de Saúde Pública, que igualmente periga o ambiente que nos rodeia. Elucidou aos presentes e participantes virtuais que “a taxa de mortalidade causada pela Resistência Antimicrobiana é duas vezes superior à da Malária e do HIV, mas apesar disso, continua a ser negligenciada”. Dados da OMS, trazidos  ao debate, indicam que “até ao ano de 2050, cerca de 10 milhões de pessoas estarão afectadas pela Resistência Antimicrobiana, sendo essa cifra mais expressiva em relação a de outras doenças consideradas mais graves, como por exemplo o cancro, com 8.2 milhões”.

Sob a moderação do Doutor Cristiano Macuamule, da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane (FAVET-UEM), foram oradores: Diane Cumbula (IIAM-DCA), Teresa Van-Dunem (IIAM-DCA), Aquino Nhantumbo (Instituto Nacional de Saúde – INS), e Zuleca Cassamo (Fundo das Nações Unidas para a  Agricultura e Alimentação – FAO). Quatro apresentações perfizeram o evento: (i) Capacidade de Diagnóstico de RAM em Moçambique, componente animal; (ii) Resíduos de Antimicrobianos em Frangos de Corte e Miudezas; (iii) Impacto da RAM na saúde humana; e (iv) Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) dos Avicultores em Relação ao uso de Antimicrobianos e Resistência Antimicrobiana na Província de Manica

Fortalecer a colaboração multissectorial foi a principal nota recomendatória e conclusiva do evento para melhor operacionalizar quaisquer Estratégias de Combate da Resistência Antimicrobiana. Entretanto, quer os oradores quer os participantes presenciais e virtuais que intervieram foram unânimes quanto “à necessidade de um maior controlo por parte das autoridades na venda e uso de antimicrobianos”, bem como no que é atinente ao “fomento do conhecimento sobre o uso de antimicrobianos para a classe veterinária, os criadores e a população em geral”, explicando-se e disseminando-se a informação  sobre os riscos do seu uso indiscriminado e inadequado. (Roseiro Moreira e Gabriel Matsinhe, com fotos de Juvêncio dos Santos/IIAM).

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